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Rádio se consolida como principal fonte de informação durante apagão histórico na Europa
Foto: Rodrigo Jimenez/EPA-EFE
Por Ana Clara Monteiro
02 de Maio de 2025 às 10:26
No último dia 28 de abril, Espanha e Portugal viveram um dos episódios mais impressionantes da história recente: um apagão elétrico, que desconectou toda a Península Ibérica da rede energética europeia em questão de segundos. Com cerca de 60% da geração elétrica comprometida, a energia desapareceu, as redes móveis silenciaram e a internet se tornou inacessível para milhões de pessoas.
Em meio ao caos digital, um velho herói voltou a ocupar o centro da cena: o rádio. Mantidas no ar por geradores de emergência, as emissoras se tornaram a principal — e muitas vezes única — fonte de informação confiável para a população.
Em Madrid e Lisboa, cenas que pareciam pertencer a outro século se repetiram: pessoas reunidas em torno de rádios de carro, aparelhos portáteis a pilha e rádios de emergência, ávidas por notícias.
O episódio, além de marcante, reforçou uma verdade que alguns insistem em esquecer: o rádio nunca perdeu sua força. Ao contrário, ele se reinventou, manteve sua relevância e provou — mais uma vez — ser o meio de comunicação mais acessível, resiliente e democrático, especialmente em situações de crise.
O apagão europeu não foi um caso isolado. Um ano antes, o Brasil também testemunhou o poder do rádio. Durante as catastróficas enchentes no Sul do país, entre abril e maio de 2024, redes de telefonia e internet colapsaram, deixando milhares de pessoas isoladas. Em meio à tragédia, rádios comunitárias e comerciais — muitas preparadas com estruturas de emergência — foram o único canal ativo de comunicação.
Graças ao rádio, famílias receberam instruções de evacuação, localizaram abrigos e puderam organizar pedidos e doações de ajuda. O que salvou vidas no Sul do Brasil em 2024, salvou a comunicação na Península Ibérica em 2025. Dois eventos separados por oceanos, unidos por um mesmo protagonista. Especialistas, hoje, recomendam que rádios portáteis — a pilha ou com manivela — passem a integrar o kit básico de emergência, ao lado de lanternas, baterias e água potável. Não por nostalgia, mas por necessidade. Afinal, a dependência quase total da infraestrutura digital mostrou-se, mais uma vez, frágil diante de eventos extremos.
Governos, instituições e a sociedade civil começam a repensar seus protocolos de comunicação de emergência. E o rádio, longe de ser uma tecnologia do passado, se reafirma como um pilar seguro para o presente e o futuro. Em um dos maiores apagões da história recente, internet e redes móveis falharam — mas o rádio provou, mais uma vez, que nunca sai do ar.